Ator diz que travesti de novela tem missão de reduzir a matança de transexuais.

Em A Força do Querer, Silvero Pereira, 35 anos, interpreta uma travesti que se disfarça de heterossexual durante o dia para poder trabalhar como motorista. Elis Miranda/Nonato tem uma missão didática, que é explicar a diferença entre transformistas e transgêneros, e uma missão humanitária, a de reduzir a violência contra as minorias sexuais.
"O Brasil precisa ser mais respeitoso e compreender as diferenças. É um país que finge ser democrático e libertário, mas é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo. O mínimo que posso fazer com o meu trabalho é provocar e questionar, fazer o Brasil falar um pouco mais sobre esse assunto e refletir", diz.
Graduado em artes cênicas, com 20 anos de carreira e há 14 trabalhando em um grupo de teatro que luta pela diversidade sexual, Pereira também é do Ceará, como seu personagem, e vem de uma família pobre.

"O que tenho de diferente de Elis Miranda é que não sou travesti, transformista, não fui expulso de casa e não preciso construir uma máscara para sobreviver. Elis tem marcas de violência muito maiores do que as minhas e muito mais atuais", fala.
Silvero se refere ao drama da personagem, inspirado em casos reais. Elis Miranda levou uma surra de um dos irmãos ao ser flagrada vestida de mulher cantando no palco de uma boate. Expulsa de casa, inventou Nonato para não ter de se prostituir, já que não conseguia outros trabalhos da forma que se veste e se identifica.
Sem rótulo
O ator diz que não teme ficar marcado por fazer personagens trans. Ele entrou na novela das nove da Globo a convite da autora Gloria Perez, que criou o papel depois de vê-lo atuando no peça BR-Trans como a travesti Gisele Almodóvar.
O ator conta que a novelista começou a conversar com ele pelo Whatsapp. Acabou sendo contratado pela Globo para fazer a novela.
O cearense diz que está no Rio de Janeiro há três anos, mas nunca tinha pensando em fazer TV. Ele revela que caiu de paraquedas no veículo e que conta muito com a ajuda de Humberto Martins. "Ele se tornou um grande mestre, é a pessoa que mais me ensina, me dá a mão nos estúdios e me conduz", comenta.

Apoteose
Pereira adianta que o grande momento de Elis Miranda será quando seu patrão homofóbico, Eurico (Martins), descobrir que foi enganado pelo motorista o tempo todo. Na trama, Eurico vive falando que homem é homem e mulher é mulher e já chamou a transexual Jane Di Castro de aberração.
O intérprete de Elis Miranda diz que essa vai ser uma "curva dramática bombástica" para os dois personagens. "Eurico tem um sentimento agradável pelo Nonato. Ele tem seus problemas, como a nossa sociedade, mas tem seus afetos", diz.
O embate da dupla terá o objetivo de mostrar o quanto é errado enxergar como o outro deve ser. "Gloria é comprometida e não faz isso à toa. Ela quer mostrar a verdade e provocar uma mudança social."
O ator avisa ainda que Elis Miranda passará a ter caracterização para os palcos diferenciada, com mais glamour e purpurina. Será uma homenagem à cantoras brasileiras.
"Trabalhamos em uma caracterização que tem uma personalidade ímpar, mas inspirada nas duas artistas que dão nome à personagem, Elis Regina e Carmen Miranda. Pretendemos construir referências de artistas como Gal Costa, Fafá de Belém, Clara Nunes, Maria Bethânia e Ivete Sangalo."

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